Governo incentiva plantio de oliveiras e produção de azeite para aproveitar mercado local, abastecido por importados. No Rio Grande do Sul, produtores criaram marcas e começam a ganhar espaço.
O Brasil começa a ter seu nome nos rótulos dos azeites que são vendidos em alguns dos grandes supermercados do País. O governo federal resolveu fazer um esforço para transformar a agricultura brasileira em uma produtora de oliveiras, azeitonas e azeites e várias iniciativas já pipocam pelo País, principalmente no Rio Grande do Sul. São casos de produtores como José Alberto Aued e seu filho Daniel Aued, que cultivam 18,5 hectares com oliveiras no município gaúcho de Cachoeira do Sul e fabricam mais de 20 mil litros de azeite por colheita. A marca deles, Olivas do Sul, está no varejo gaúcho, carioca e paulistano.
“Somos grandes importadores de azeite de oliva, importamos US$ 316 milhões em azeite, US$ 121 milhões em azeitonas e a região sul tem clima e solo propícios para a plantação das oliveiras”, afirma o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Caio Rocha. Segundo ele, o Brasil é o terceiro maior importador de azeite do mundo e a ideia é aproveitar esse potencial de mercado.
Para empurrar a produção para frente, o governo incluiu recursos para o setor no Plano Safra do ano passado, está organizando a cadeia e orquestrando, junto aos agricultores, a criação de normas a serem seguidas para garantir um azeite de qualidade. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é ligada ao Mapa, trabalha no desenvolvimento de mudas de oliveiras adequadas para o sul do País e colocará em operação, em breve, laboratório para análise da qualidade dos azeites fabricados e consumidos no País.
A meta, diz Rocha, é reduzir em 30% a importação de azeites em quatro anos. Segundo o coordenador de Produção Integrada da Cadeia Agrícola do Mapa, Marcus Vinícius de Miranda Martins, no ano passado havia cerca de 600 hectares com oliveiras no Brasil, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais. Apesar de o País também importar azeitonas, o Mapa vem incentivando a produção de azeite, que tem mercado maior. O beneficiamento normalmente é feito pelos agricultores.
A unidade Clima Temperado da Embrapa, que fica em Pelotas, já fez um zoneamento agroclimático que identificou as regiões mais propícias para a produção das oliveiras em solo gaúcho. “Identificamos a região da Campanha do Rio Grande do Sul, próxima ao Uruguai. Mas há várias regiões, microclimas, propícios. A tendência maior, no entanto, é que a produção se desenvolva na região de Bagé, Dom Pedrito, Uruguaiana”, conta Rogério Oliveira Jorge, pesquisador da Embrapa Clima Temperado.
A Embrapa também fará um zoneamento edafoclimático, que pesquisa clima e solo de forma conjunta. Fará estudo das características dos azeites que vêm sendo produzidos no Brasil e lançará, ainda neste ano ou no ano que vem, três variedades de oliveiras adequadas para o cultivo no Sul do País. Os laboratórios da Embrapa servirão para, além de analisar o azeite local, dar suporte ao Ministério da Agricultura na fiscalização dos azeites consumidos no País. “Entre 75% e 80% dos azeites consumidos no Brasil estão fora dos padrões internacionais”, informa o pesquisador, que lidera o projeto na Embrapa.
De acordo com Jorge, a produtividade conseguida em solo gaúcho é similar a dos países da Europa, cerca de dez toneladas de azeitonas por hectare, que geram ao redor de 1,5 mil litros ou quilos de azeite. Ele lembra, no entanto, que a produção de azeitonas pela oliveira começa lá pelo terceiro ou quarto ano de vida e vai até os 70 a 80 anos. Entre o oitavo e décimo ano, no entanto, a produção chega ao seu pico e se estabiliza. Por isso, como a produção é recente no País, não é possível ter os dados definitivos ainda.
Fonte: ANBA
Zoneamento agroclimático – Num trabalho agroclimático, além do conhecimento hidrológico e da disponibilidade de água, dependendo da cultura cultivada, em tempo e espaço, é necessário definir as áreas menos sujeitas aos riscos e adversidades climáticas, e pode seguir as seguintes etapas:
- Coleta de dados;
- Análise sobre as séries pluviométricas;
- Seleção das espécies a serem cultivadas;
- Conhecimento sobre o ciclo de cultivo;
- Capacidade de armazenamento de água na planta;
Zoneamento edafoclimático – tem como objetivo indicar quais são as melhores regiões para plantio, levando-se em conta os riscos climáticos (geada e estiagem) e os solos (profundidade, drenagem, pedregosidade, relevo, etc.).